Dia: Sexta-feira
Cores: Prata, Branco, Azul
Simbolo: espada, escudo, mão de pilão, atori (vara)
Saudação: Exeu ê! Epa Babà!! Kabiesy Oxanguian
Cores: Prata, Branco, Azul
Simbolo: espada, escudo, mão de pilão, atori (vara)
Saudação: Exeu ê! Epa Babà!! Kabiesy Oxanguian
OXALÁ é o detentor do poder procriador masculino. Todas as suas representações incluem o branco. É um elemento fundamental dos primórdios, massa de ar e massa de água, a protoforma e a formação de todo o tipo de criaturas no AIYE e no ORUN. Ao incorporar-se, assume duas formas: OXAGUIÃ jovem guerreiro, e OXALUFÃ, velho apoiado num bastão de prata (APAXORÓ). OXALÁ é alheio a toda a violência, disputas, brigas, gosta de ordem, da limpeza, da pureza. A sua cor é o branco e o seu dia é a sexta-feira. Os seus filhos devem vestir branco neste dia. Pertencem a OXALÁ os metais e outras substâncias brancas.
Em África, todos os Orixás relacionados com a criação são designados pelo nome genérico de Orixá Fun Fun. O mais importante entre todos eles chama-se Orixalá (Òrìsanlà), ou seja, o grande Orixá, que nas terras de Igbó e Ifé é cultuado como Obatalá, rei do pano branco. Eram cerca de 154 Orixás Fun Fun, mas no Brasil e na Europa a quantidade reduz-se significativamente, sendo que dois, Orixá Olùfón, rei de Ifón (Oxalufã) e Orixá Ógìyán, o comedor de inhame e rei de Egigbó (Oxaguiã), se tornaram as suas expressões mais conhecidas.
A designação de Orixá Fun Fun deve-se ao facto de a cor branca se configurar como a cor da criação, guardando a essência de todas as demais. O branco representa todas as possibilidades, a base de qualquer criação. O nome Orisanlá foi contraído e deu origem à palavra Oxalá, e com esse nome o grande Deus-pai passou a ser conhecido no Brasil e na Europa. Todos os Orixás Fun Fun foram reunidos em Oxalá e divididos em várias qualidades das suas duas configurações principais: Òsálufón, Osagiyan, sendo este último, jovem e guerreiro, filho do primeiro mais velho e paciente.
Todas as histórias que relatam a criação do mundo passam necessariamente por Oxalá, que foi o primeiro Orixá concebido por Olodumaré e encarregado de criar não só o universo, como todos os seres, todas as coisas que existiriam no mundo.
A maior interdição de Oxalá é de facto o azeite-de-dendê, que jamais deve macular as suas roupas, os seus objectos sagrados e muito menos o seu Alá. A única coisa vermelha que Oxalá permite, é a pena de Ikodidè, prova de sua submissão ao poder genitor feminino.
O Alá representa a própria criação, está intimamente relacionado com a concepção de cada ser; é a síntese do poder criador masculino. A sua função primeira já remete ao seu significado profundo. A ação de cobrir não evoca somente proteção, zelo, denota a atividade masculina no ato sexual.
No Xirê, Oxalá é homenageado por último porque é o grande símbolo da síntese de todas as origens. Ele representa a totalidade, o único Orixá que, como Exú, reside em todos os seres humanos. Todos são seus filhos, todos são irmãos, já que a humanidade vive sob o mesmo teto, o grande Alá que nos cobre e protege, o céu.
A designação de Orixá Fun Fun deve-se ao facto de a cor branca se configurar como a cor da criação, guardando a essência de todas as demais. O branco representa todas as possibilidades, a base de qualquer criação. O nome Orisanlá foi contraído e deu origem à palavra Oxalá, e com esse nome o grande Deus-pai passou a ser conhecido no Brasil e na Europa. Todos os Orixás Fun Fun foram reunidos em Oxalá e divididos em várias qualidades das suas duas configurações principais: Òsálufón, Osagiyan, sendo este último, jovem e guerreiro, filho do primeiro mais velho e paciente.
Todas as histórias que relatam a criação do mundo passam necessariamente por Oxalá, que foi o primeiro Orixá concebido por Olodumaré e encarregado de criar não só o universo, como todos os seres, todas as coisas que existiriam no mundo.
A maior interdição de Oxalá é de facto o azeite-de-dendê, que jamais deve macular as suas roupas, os seus objectos sagrados e muito menos o seu Alá. A única coisa vermelha que Oxalá permite, é a pena de Ikodidè, prova de sua submissão ao poder genitor feminino.
O Alá representa a própria criação, está intimamente relacionado com a concepção de cada ser; é a síntese do poder criador masculino. A sua função primeira já remete ao seu significado profundo. A ação de cobrir não evoca somente proteção, zelo, denota a atividade masculina no ato sexual.
No Xirê, Oxalá é homenageado por último porque é o grande símbolo da síntese de todas as origens. Ele representa a totalidade, o único Orixá que, como Exú, reside em todos os seres humanos. Todos são seus filhos, todos são irmãos, já que a humanidade vive sob o mesmo teto, o grande Alá que nos cobre e protege, o céu.
Arquétipo dos filhos de Oxaguiã
A liderança é uma de suas especialidades. Duas características dividem os filhos de Oxaguiã.. Uns são amigos das intrigas, são orgulhosos, se acham os melhores , são faladores. Outros são voltados para a família, calmos e guardam segredos para si. Na verdade são duas fases de Oxagiã, numa delas estão os filhos que carregam a espada e os outros, os mais calmos carregam a mão de pilão. Valentes, guerreiros, caráter romântico e sensuais, combativos, geniosos, intuitivos , instáveis. Não despreza o sexo e cultiva o amor livre. É alegre, gosta profundamente da vida, é falador e brincalhão. Ao mesmo tempo e idealista, defendendo os injustiçados, os fracos e os oprimidos. Orgulhoso, sedento de feitos gloriosos é um jovem guerreiro combativo. É habitualmente alto e robusto, mas não é agressivo nem brutal. Ele é ciumento e detesta concorrência. São criativos, generosos, inteligentes, sábios, justos, por outro lado são também lentos, mandões e teimosos. Os seus pensamentos originais geralmente antecipam os da sua época. Ele é o nascente.
Osogiyan ou Oxaguian (Orixá Ogiyan): Orixá jovem e guerreiro, cujo templo principal se encontra em Ejigbô. Ganhou o título de Eleejigbô Rei de Ejigbô, Babá Ejigbô, uma de suas características e o gosto pelo inhame pilado chamado lyán, que lhe valeu o apelido de Oisa-Je-Iyán ou Orisájiyan, Oxaguian no Brasil. Conhecemos alguns Orixás guerreiros funfun Elemoxós, são eles: Babá Ajagúna; Babá Lejubé; Babá Apejá; Babá Epê; Babá Akíre; Babá Dankó; Babá Dugbé; Babá Olójo
Encontraremos diversos nomes, títulos, qualidades diversas de Oxalá: Bábá Aláse, Arowú, Oníkì, Onírinjá, Jayé, Ròwu, Olóba, Olúofin, Oko, Éguin, Obanijitá, Oluorogbô, Ibô, etc.
Lendas de Oxaguian
Oxaguiã não tinha ainda este nome. Chegou num lugar chamado Ejigbô e aí tornou-se Elejigbô (Rei de Ejigbô). Oxaguiã tinha uma grande paixão por inhame pilado, comida que os iorubás chamam iyan. Elejigbô comia deste iyan a todo momento; comia de manhã, ao meio-dia e depois da sesta; comia no jantar e até mesmo durante a noite, se sentisse vazio seu estômago! Ele recusava qualquer outra comida, era sempre iyan que devia ser-lhe servido. Chegou ao ponto de inventar o pilão para que fosse preparado seu prato predileto!
Impressionados pela sua mania, os outros orixás deram-lhe um cognome: Oxaguiã, que significa “Orixá-comedor-de-inhame-pilado”, e assim passou a ser chamado. Awoledjê, seu companheiro, era babalaô, um grande advinho, que o aconselhava no que devia ou não fazer. Certa ocasião, Awoledjê aconselhou a Oxaguiã oferecer: dois ratos de tamanho médio; dois peixes, que nadassem majestosamente; duas galinhas, cujo fígado fosse bem grande; duas cabras, cujo leite fosse abundante; duas cestas de caramujos e muitos panos brancos. Disse-lhe, ainda, que se ele seguisse seus conselhos, Ejigbô, que era então um pequeno vilarejo dentro da floresta, tornar-se-ia, muito em breve, uma cidade grande e poderosa e povoada de muitos habitantes. Depois disso Awoledjê partiu em viagem a outros lugares. Ejigbô tornou-se uma grande cidade, como previra Awoledjê. Ela era rodeada de muralhas com fossos profundos, as portas fortificadas e guardas armados vigiavam suas entradas e saídas. Havia um grande mercado, em frente ao palácio, que atraía, de muito longe, compradores e vendedores de mercadorias e escravos. Elejigbô vivia com pompa entre suas mulheres e servidores. Músicos cantavam seus louvores. Quando falava-se dele, não se usava seu nome jamais, pois seria falta de respeito. Era a expressão Kabiyesi, isto é, Sua Majestade, que deveria ser empregada. Ao cabo de alguns anos, Awoledjê voltou. Ele desconhecia, ainda, o novo esplendor de seu amigo. Chegando diante dos guardas, na entrada do palácio, Awoledjê pediu, familiarmente, notícias do“Comedor-de-inhame-pilado”. Chocados pela insolência do forasteiro, os guardas gritaram: “Que ultraje falar desta maneira de Kabiyesi! Que impertinência! Que falta de respeito!” E caíram sobre ele dando-lhe pauladas e cruelmente jogaram-no na cadeia.
Awoledjê, mortificado pelos maus tratos, decidiu vingar-se, utilizando sua magia. Durante sete anos a chuva não caiu sobre Ejigbô, as mulheres não tiveram mais filhos e os cavalos do rei não tinham pasto. Elejigbô, desesperado, consultou um babalaô para remediar esta triste situação. “Kabiyesi, toda esta infelicidade é consequência da injusta prisão de um dos meus confrades! É preciso soltá-lo, Kabiyesi! É preciso obter o seu perdão!” Awoledjê foi solto e, cheio de ressentimento, foi-se esconder no fundo da mata. Elejigbô, apesar de rei tão importante, teve que ir suplicar-lhe que esquecesse os maus tratos sofridos e o perdoasse. “Muito bem! – respondeu-lhe. Eu permito que a chuva caia de novo, Oxaguiã, mas tem uma condição: Cada ano, por ocasião de sua festa, será necessário que você envie muita gente à floresta, cortar trezentos feixes de varetas. Os habitantes de Ejigbô, divididos em dois campos, deverão golpear-se, uns aos outros, até que estas varetas estejam gastas ou quebrem-se”. Desde então, todos os anos, no fim da sêca, os habitantes de dois bairros de Ejigbô, aqueles de Ixalê Oxolô e aqueles de Okê Mapô, batem-se todo um dia, em sinal de contrição e na esperança de verem, novamente, a chuva cair. A lembrança deste costume conservou-se através dos tempos e permanece viva, tanbém, na Bahia. Por ocasião das cerimônias em louvor a Oxaguiã, as pessoas batem-se umas nas outras, com leves golpes de vareta… e recebem, em seguida, uma porção de inhame pilado, enquanto Oxaguiã vem dançar com energia, trazendo uma mão de pilão, símbolo das preferências gastronômicas do Orixá “Comedor-de-inhame-pilado.” Exê ê! Baba Exê ê!
Houve um tempo em que os orixás viviam do outro lado do oceano. Mas depois tiveram que vir para o lado de cá, para acompanhar seus filhos que foram trazidos como escravos. Assim vieram todos e assim veio Oxaguian. Oxaguian veio boiando na superfície do mar, navegando no tronco flutuante de uma árvore. A travessia durou muito tempo, mais de um ano. Foi nessa viagem que Oxaguian conheceu Iemanjá, que era dona do próprio mar em que viajava Oxaguian. Logo se conheceram e logo se gostaram. Oxaguian era moço, forte, corajoso; Iemanjá era mulher bonita destemida e sedutora. Iemanjá engravidou de Oxaguian e nove meses depois deu a luz à um menino, que já nasceu valente e forte, querendo guerrear. Mais tarde chamaram o menino de Ogunjá, porque o guerreiro gostava de comer cachorro. Sempre que ia à guerra, a mãe o acompanhava e então todos a chamavam Iemanjá Ogunté. Oxaguian, Ogunté e Ogunjá formam uma família de guerreiros. E eles são muitos festejados no Brasil.
Um dos mitos diz que Oxaguiã nasceu apenas de Obatalá. Não teve mãe. Nasceu dentro de uma concha de caramujo. E quando nasceu, não tinha cabeça, por isso perambulava pelo mundo, sem sentido.
Um dia encontrou Ori numa estrada e este lhe deu uma cabeça feita de inhame pilado, branca. Apesar de feliz com sua cabeça ela esquentava muito e quando esquentava Oxaguiã criava mais conflitos e sofria muito. Foi quando um dia encontrou a morte (iku), que lhe ofereceu uma cabeça fria. Apesar do medo que sentia, o calor era insuportável, e ele acabou aceitando a cabeça preta que a morte lhe deu. Mas essa cabeça era dolorida e fria demais. Oxaguiã ficou triste, porque a morte com sua frieza estava o tempo todo acompanhando o Orixá. Foi então que Ogum apareceu e deu sua espada para Oxaguiã, que espantou Iku. Ogum também tentou arrancar a cabeça preta de cima da cabeça de inhame, mas tanto apertou que as duas se fundiram e Oxaguiã ficou com a cabeça azul, agora equilibrada e sem problemas.
A partir deste dia ele e Ogum andam juntos transformando o mundo. Oxaguiã depositando o conflito de idéias e valores que mudam o mundo e Ogum fornecendo os meios para a transformação, seja a tecnologia ou a guerra.
Um dia encontrou Ori numa estrada e este lhe deu uma cabeça feita de inhame pilado, branca. Apesar de feliz com sua cabeça ela esquentava muito e quando esquentava Oxaguiã criava mais conflitos e sofria muito. Foi quando um dia encontrou a morte (iku), que lhe ofereceu uma cabeça fria. Apesar do medo que sentia, o calor era insuportável, e ele acabou aceitando a cabeça preta que a morte lhe deu. Mas essa cabeça era dolorida e fria demais. Oxaguiã ficou triste, porque a morte com sua frieza estava o tempo todo acompanhando o Orixá. Foi então que Ogum apareceu e deu sua espada para Oxaguiã, que espantou Iku. Ogum também tentou arrancar a cabeça preta de cima da cabeça de inhame, mas tanto apertou que as duas se fundiram e Oxaguiã ficou com a cabeça azul, agora equilibrada e sem problemas.
A partir deste dia ele e Ogum andam juntos transformando o mundo. Oxaguiã depositando o conflito de idéias e valores que mudam o mundo e Ogum fornecendo os meios para a transformação, seja a tecnologia ou a guerra.
Eis o Senhor do Dia, o Orixà do progresso e da cultura, o Orixà da vida e também da efervescência da vida, da discussao, da guerra e do avanço, da estratégia, da inteligência, do branco, do claro, do positivo e do masculino!! Orixà moço, Oxalá criança, às vezes adolescente, não passando do jovem adulto Ajagunan!! Brinda o Universo com vida, com energia, com o lúdico e com a guerra e a cultura. Traz o Dia, traz o tempo, traz a evoluçao e o ritmo!
Este controvertido Orixà, apenas superado em controvérsia por Exù, já traz os paradoxos em sua criação. Pois para alguns ele é filho de Oxalà com Yemanjá, mas na grande maioria da cultura este Orixà é o próprio Oxalá, em idades mais tenras! Quando sua missao era outra que apenas a administraçao da Criação, mas sim a de lançá-la, de construí-la e de fazê-la possível! A natureza destes dois aspectos do mesmo Orixà é tao distinta e paradoxalmente semelhante, que ao mesmo tempo que o separaem dois Orixàs distintos, os une no mesmo Orixà ao final da compreensão do momento, missão e natureza deste Orixanlà (Supremo Orixà)!
Este Orixà é nascido do Odù Eji-Ogè, do primeiro alento de vida de Olorùn (Deus), com ele véio o dia primordial e consigo a vida! À ele Olorùn confiou a vida, o dia e a criaçao! Que não pôde realizar só, senão com a ajuda de sua irmã Odudua, nascida logo a seguir pelo Odù Oyekù e o surgimento da sombra emergida do brilho do dia e da vida, trazendo consigo a noite, o feminino, a morte. Ambos terminaram sob as ordens de Olorùn a Criação dos 9 mundos e do Aiyé (o mundo manifesto) e todos os seus habitantes, tendo como dinamizador desta relação o terceiro Orixà mais velho: Exù (esfera), aquele que faz girar o Axé destes dois princípios e que assim cria os caminhos possíveis para a realização do plano divino.
Conta uma lenda que, após espalhada a terra pela galinha de pata com cinco garras, desceram os Orixàs para construírem o Aiyé, vieram antes de todos Ogyan e Ogun. Trabalharam arduamente construindo o mundo, quando a espada de cristal de Ogyan se rompe sob o peso da terra e da pedra. Era o instrumento celestial de Oxalà frágil para lidar com a rude matéria. Sem saber como continuar, veio Ogun que havia presenciado o ocorrido, e ofereceu à Oxalà sua própria espada para q Oxalà continuasse a trabalhar. Enquanto Ogun continuou com as próprias mãos!! Devido a isso Ogun goza de eterno prestígio com Oxanguian, que sempre o abençoa em todo os seus empreendimentos e trabalhos! Há uma relaçao muito íntima, sem dúvida entre Ogun e Ogyan, tanto que muitos devotos e até mesmo sacerdotes o confundem com uma “qualidade branca” de Ogun… somente o desconhecimento para levar a esta proposiçao, haja visto que o grande Ogun é um ébora, enquanto Ogyan é um Irunmonlè!…
Ogyan divide com Ogun algumas regências, como a guerra, o espírito de luta e o progresso cultural e tecnológico. No entanto são dois Orixàs absolutamente distintos, ainda q companheiros.
Ogyan é em si o Orixà da Vida, do Dia, do Masculino, da Guerra e do Progresso! Enquanto Ogun, primordialmente, era o Orixà da caça. Que deixou para seu irmão mais novo Oxóssi, enquanto foi se ocupar de “ganhar o mundo”. Com a ajuda de Ifà descobriu o FERRO e como manipulá-lo, era este o material que “ganharia o Mundo”, assim o metal seria o elemento mais necessário e mais respeitado neste plano de matéria, sempre rivalizando com o fogo sua hegemonia (donde se tira sua eterna rivalidade e contenda com seu irmao Xangô, o fogo). Quando descobriu o FERRO todos os Orixàs invejaram a descoberta de Ogun. No entanto, nem o próprio Ogun sabia exatamente o valor de tal descoberta. Foi sua parceria com Ogyan que o fez descobrir até em que extremo ele saberia explorar todo o valor desta descoberta. Pois Ogyan o estrategista efervescente, colocou Ogun para confeccionar todos os instrumentos que inventava! E assim Ogun e Oxalá produziram todos os instrumentos de labor, de cultivo, construção e também de guerra!! Sendo assim Ogun, o Orixà do Ferro, se tornou também um dos patronos da construção, do progresso, do trabalho, da agricultura e da guerra! Ainda se pode ver, em suas danças místicas, Ogun fazendo uso dos instrumentos que confeccionou, ao mesmo tempo que se pode ver, nas danças míticas, Ogyan apresentando cada instrumento criado por seu inventivo intelecto: A espada, a Lança, o Escudo, o pilao!…
Em outras lendas temos Oyà, mesmo no castelo de Xangô, sopra o fogo na forja de Ogun, para que ele possa confeccionar mais rápido a demanda de Ogyan de armas e utensílios para que este possa usar em suas batalhas! Tanto que ventos fortes e furacoes são tidos como prenúncios de guerra, pois seria o poderoso e apressado sopro de Oyà para acelerar uma enorme produção de armas para a guerra de Ogyan!
Assim sendo, Ogyan é o Orixà da Guerra, enquanto Ogun é um de seus patronos e um grande general de batalha! A distinção dos dois giraria na mesma distinção entre o Ares e a Atenas gregos, ambos deuses da guerra, tendo distinção na forma de guerrearem e da natureza do combate. Ogun e Ares (grego) são viscerais, sao furiosos, lutam corpo a corpo, brandindo sua espada com poderosa e inumana força, destroçando tudo o que estiver em seu caminho de guerreiro, sem muita distinção e discernimento, é o calor da batalha, a cegueira da fúria, o gosto pela violência e pela força, junto consigo está a companhia das forças mais obscuras do Universo, assim como Ares vem junto phobbos (medo), entre outras divindades obscuras e até mesmo demoníacas, Ogun vem acompanhado de Ikù (a morte) entre outras divindades terríveis!… Ogun furioso é uma força indomável e absolutamente terrível, contrastando com seu caráter humilde, reto e justo de trabalhador honesto e incansável quando está trabalhando diligentemente. Tanto que é um Orixà de justiça, muito severo, mas reto e verdadeiro. É um grande Orixà!!
Ogyan, assim como a Atenas grega, é um Orixà do gosto pela batalha como depuradora de verdades e otimizadora de progressos!! Possui o gosto pelo debate, pelo combate das idéias e dos conceitos em busca de uma síntese mais perfeita, é o criador da luta entre a tese e a antítese, em busca de uma superior síntese, que novamente será posta à prova, e assim incessantemente até chegar à perfeiçao que este Orixà almeja! É isto, ou NADA!! Assim configurando mais um aspecto de seu caráter dado a extremos! Ogyan gosta da luta, do confronto entre idéias e ideais, entre técnicas, entre modos, caminhos e objetivos para que assim ao final surja algo mais limpo, mais reto, mais claro, mais progredido! Não suporta em si o calor da batalha, nem a confusão em si, a violência, despreza a barbárie (é um Orixà da cultura e do progresso), a desonra, a covardia, o medo, tudo isso ele ignora. Mas se regozija da guerra quando esta consegue trazer a evolução e a depuração necessárias para que a vida cresça e ascenda a outro patamar de cultura e compreensão! A confusão e a guerra, é um instrumento que Ogyan utiliza para que faça saltar a verdade, e assim, uma vez liberta, que a justiça e o progresso se façam!! Um Orixà que busca trazer o valor à tona, utilizando de momentos de extremos, para que o vício ou a virtude se apresentem. É o brilho do dia, que com seu esplendor força os contrastres ao extremos clareando e definindo tudo! É a visão e a verdade! Nenhuma dissimulaçao ou meia-verdade resiste ao vigor de seu brilho que define as naturezas e traz à tona as verdades.
É um Orixà de estratégia, deixando o campo de batalha para seu companheiro Ogun, que se compraze com a violência do campo de batalha. Sendo assim Ogyan é o general e Ogun seu direto imediato! A Ogyan cabe os respeitos e a honra! Tanto que além da saudação digna aos Oxalàs: “Exe ê!” e “Epa Babà”, também exige o “Kabiesyi!” digno dos Reis!!
Ogyan é o inventor e Ogun seu artesão! Ambos espírito e técnica são invencíveis!! Sua parceria é algo tao íntimo que encontramos em diversas lendas a união dos dois! Em outra lenda mostra a natureza extrema de Ogyan e como foi importante a parceria com Ogun para encontrar um ponto de equilíbrio:
Ogyan sentia fortes dores de cabeça, pois seu Orì era demasiado branco! Era um excesso de vida e atividade, pediu auxílio e encontrou Ikù, que lhe disse que poderia resolver este seu problema, desta demasiada claridade, assim Ikù atirou sobre o Orì de inhame branco de Ogyan uma grande quantidade de Ossum, o que tornou a cabeça agora azul-marinha quase negra! Ogyan que sofria de imensas dores de cabeça devido à extrema claridade, agora era assombrado pelas trevas de Ikù (a morte). Uma extrema depressão e fobia tomou conta dele! Perambulando perdido pelas ruas, encontrou Ogun, que com seu Obè (espada) misturou os dois ingredientes (yan- inhame pilado e ossum) tornando a cabeça de Ogyan uma mistura das duas – branca e azul! Assim Ogyan pôde viver e prosperar, tendo sempre ao seu lado o seu fiel companheiro Ogun!
Esta lenda pode-se entrever a natureza extrema deste Orixà, às vezes muito branco, às vezes quase negro!! Ele nasceu de Eji-Ogbè (Eji-Onilé para o Merindilogun) um Odù de extremos! Às vezes os filhos de Ogyan, como é comum para os filhos de Oxalà, devido justamente à extrema brancura, sofrem de rinites, sinusites e outras alergias naturais à uma cabeça muito branca, assim como também a fotofobia, que a lenda relata. Também sabe-se que seu comportamento é de extremos, e muitas vezes após a sua disposição extrema até quase maníaca, eles caem depois em uma grande fadiga ou até mesmo depressão… Vão ao céu e ao inferno praticamente no mesmo dia. Mais uma vez os extremos da lenda. E os fantasmas, as situaçoes obscuras e mal-resolvidas, são os agentes de maior perturbação para seu filhos, que não suportam não discernir e resolver por completo uma situação. Necessitam sempre deixar tudo às claras!! Assim as trevas (as sombras) são o que lhes deprime e atemoriza! Assim, como é comum à todos os Oxalàs, não pode se ver manchado. Quando digo manchado me refiro ao “manchar o alà branco com dendê…”! Ou seja, manchar a reputaçao!!E outro ponto muito interessante ainda a ser explorado nesta lenda é a questao do trabalho ser o ponto de equilíbrio para o Orì de Ogyan, assim como o afiado discernimento!
Quando aparece Ogun e com sua espada mistura harmoniosamente as duas tendências, na verdade Ogun e a espada são símbolo do trabalho e do progresso, assim como da batalha. Somente o trabalho pode reunir as duas tendências extremistas de Ogyan para um ponto em comum de progresso e saúde, que é o trabalho. A necessidade de Ikù participar da formação da cabeça de Ogyan é porque os filhos de Ogyan sem temores, angústias e questões a elucidar não se movem, e assim ficam se ressentindo de tanto talento armazenado e não explorado! É a uniao da motivação, do talento, com a necessidade e a angústia o que faz eles se moverem!! Mas apenas a espada, ou seja, o discernimento afiado, que os filhos de Ogyan possuem por excelência, é que fará com que consigam aplicar tudo isto de modo equilibrado, saudável e proveitoso!! E isto será aplicado no trabalho, ou na batalha, fazendo emergir o valor, o novo, a virtude ou o vício, tudo para limpar o caminho e trazer o progresso! E como meta última, a perfeiçao! Não é necessário dizer que os filhos de Ogyan são perfeccionistas natos, e não perdoam a sua obra até atingirem a perfeição… nunca estará bom para eles, até que lhes pareça perfeito… Toda a obra para eles será sempre apenas um ensaio, a próxima será melhor, e talvez, a definitiva… Para um Orixà do progresso nunca existe a obra definitiva… e assim caminharão até à perfeição!
São, como todos os Oxalàs, altivos ao mesmo tempo que humildes. Existem muitas “qualidades” ou muitos Orixàs sob esta classificação… não pretendo aqui discorrer sobre todas que seriam um grande número… com todas as suas multifaces e idiossincrasias. Basta tentar classificar as maiores tendências.
Existe uma diferença em muitas casas que definem os Ogyans que portam pilão, e os Ogyans que portam espada. Assim os que portam o pilão seriam doces, progressistas e sociàveis, equilibrados. Enquanto os que portam espada seriam os desafiadores, os “encrenqueiros”, de humor instável e severos progressistas! No entanto ainda sabe-se que em outras casas, todos portam tanto uma quanto a outra, sendo apenas momentos do Orixà… e devendo ser acompanhado para buscar sempre estar equilibrando o Orixà. Alguns Ogyans no entanto são mais infantis que outros, outros são mais guerreiros e dados à batalhas, e assim vai, dependendo do aspecto do Ogyan correspondente. Em comum todos possuem uma alegria inesgotável, um vigor invejável, uma mente brilhante e afiada, um discurso ainda mais reluzente e afiado! Uma mente criativa e por demais inventiva! Uma coragem de propósitos inigualável e uma rebeldia nata. A inconformidade é seu traço mais comum, para todos o bom pode ainda ficar melhor, e lutarão por isso!! Quado saciarem esta fome de perfeição, encontrarão a maturidade e a paz que no fundo é o que mais desejam…
Seu nome Oxanguian vem de uma lenda, em que o senhor de Ejigbô, este mesmo Orixà, gostava muito de comer inhame pilado, de tal modo que inventou o pilao, para que ficasse mais fácil de produzir sua comida predileta. Assim o chamaram, seus amigos de Oxanguian, que significa, Orixà comedor de inhame pilado!
Um dia Awoledjé, seu babalawó resolve partir em peregrinaçao após lhe dar sábios conselhos sobre como dirigir sua cidade recém conquistada. E realmente Ejigbó tornou-se a grande cidade que Awoledjé previra: Com grandes muralhas, grandes construções, luxo, exércitos, etc, etc, todo o luxo que um grande reino exigia. Awoledjé quando retornou mal reconheceu a cidade. E chegando aos porteiros da cidade pediu para ver o “comedor de inhames”, bastou para que os soldados ficassem absolutamente indignados com o tratamento desrespeitoso do forasteiro em relaçao ao seu querido Rei. E então, após surrá-lo bastante, o prenderam na masmorra mais fétida que havia. Muito triste com o tratamento recebido pela cidade que havia ajudado a fundar, Awoledjé invocou um encanto que trouxe a esterilidade e a seca para Ejigbó. Passado uns anos reinar estava impraticável… então ogyan pediu para os adivinhos descobrirem o q se passava com seu reino. E Ifà lhes diz que um amigo foi preso injustamente em seu reino! Imediatamente Elejigbó pede para repassarem todos os veredictos do reino e é quando reencontra seu amigo Awoledjé, transfigurado pelos maus tratos recebidos. Oxanguian estava desconsolado… como ele podia ter feito isto ao amigo?? Imediatamente manda lavarem Awoledjé, o alimentarem com as melhores comidas, vesti-lo de branco (traje de honra) e após todo o tratamento convence a Awoledjé que retire o encantamento que secava o seu povo. Awoledjé aceita, mas impôs uma única condiçao: Todos os anos, no fim da seca, deverão todos os habitantes de Ejigbó dividirem-se em duas tribos que deveram golpear-se com varetas de madeira até estas se quebrarem! E é assim que até os dias atuais Ejigbó nesta época se dividem os bairros de Ixalê Oxolô e Okê Makpo para golpearem-se até quebrarem-se todas as varetas! Esperando que a chuva caia e a fertilidade retorne.
Esta lenda demonstra mais uma característica, além de Ogyan portar as armas acima referidas, também porta o Irukeré (rabo de cavalo branco) símbolo de sua realeza! E também a vareta de amoreira… demonstrando que possui também uma forte ligaçao e regència sobre os mortos… Ogyan, o Orixà da vida por excelência, também é o Orixà da vida após a vida! Sendo assim rege os mortos e sua lembrança viva…
Na natureza encontramos Ogyan no camaleão, nos primeiros raios do Dia, assim como no dia todo. Também encontramos seu axé em tudo o que é branco e puro, assim como também nas águas, sobretudo nos gêisers, fontes de águas termais e quentes! Pois ele é a água e o fogo do início dos tempos, a água vulcânica que presenciou a criação do mundo e criou a atmosfera, o ar, que gerou a vida neste planeta!!
Ogyan é tanto o Orixà da vida que é muito comum ser um Orixà favorito dos sacerdotes anciãos, pois ele é sempre o prenúncio de mais vida! Onde entra um omorixá de Ogyan, a vida se renova, o tempo de vida se prolonga, as atividades retomam força, os objetivos se redefinem ou se discernem melhor os ideais. Há um reavivamento em tudo!! E também o famoso lorogùm… aquele que limpa e define as coisas… o brilho afiado de Ogyan que define tudo, que exalta os ânimos, os vícios e as virtudes, que traz à tona à verdade, e os contrastes, colocando tudo em seu devido lugar. Nada mais se paira à sombra, o dia chegou!!Tanto que em algumas casas, antes de se fazer um Ogyan busca-se acalmar sua cabeça de Lorogum.
Saudemos então o grande senhor da vida! Salve o grande guerreiro branco que desconhece à derrota! Saudemos ao amanhecer do dia, quando surgirem os primeiros raios de vida e de luz!!
“Exeu ê! Epa Babà!! Kabiesy Oxanguian!!”
Axé!!
Este controvertido Orixà, apenas superado em controvérsia por Exù, já traz os paradoxos em sua criação. Pois para alguns ele é filho de Oxalà com Yemanjá, mas na grande maioria da cultura este Orixà é o próprio Oxalá, em idades mais tenras! Quando sua missao era outra que apenas a administraçao da Criação, mas sim a de lançá-la, de construí-la e de fazê-la possível! A natureza destes dois aspectos do mesmo Orixà é tao distinta e paradoxalmente semelhante, que ao mesmo tempo que o separa
Este Orixà é nascido do Odù Eji-Ogè, do primeiro alento de vida de Olorùn (Deus), com ele véio o dia primordial e consigo a vida! À ele Olorùn confiou a vida, o dia e a criaçao! Que não pôde realizar só, senão com a ajuda de sua irmã Odudua, nascida logo a seguir pelo Odù Oyekù e o surgimento da sombra emergida do brilho do dia e da vida, trazendo consigo a noite, o feminino, a morte. Ambos terminaram sob as ordens de Olorùn a Criação dos 9 mundos e do Aiyé (o mundo manifesto) e todos os seus habitantes, tendo como dinamizador desta relação o terceiro Orixà mais velho: Exù (esfera), aquele que faz girar o Axé destes dois princípios e que assim cria os caminhos possíveis para a realização do plano divino.
Conta uma lenda que, após espalhada a terra pela galinha de pata com cinco garras, desceram os Orixàs para construírem o Aiyé, vieram antes de todos Ogyan e Ogun. Trabalharam arduamente construindo o mundo, quando a espada de cristal de Ogyan se rompe sob o peso da terra e da pedra. Era o instrumento celestial de Oxalà frágil para lidar com a rude matéria. Sem saber como continuar, veio Ogun que havia presenciado o ocorrido, e ofereceu à Oxalà sua própria espada para q Oxalà continuasse a trabalhar. Enquanto Ogun continuou com as próprias mãos!! Devido a isso Ogun goza de eterno prestígio com Oxanguian, que sempre o abençoa em todo os seus empreendimentos e trabalhos! Há uma relaçao muito íntima, sem dúvida entre Ogun e Ogyan, tanto que muitos devotos e até mesmo sacerdotes o confundem com uma “qualidade branca” de Ogun… somente o desconhecimento para levar a esta proposiçao, haja visto que o grande Ogun é um ébora, enquanto Ogyan é um Irunmonlè!…
Ogyan divide com Ogun algumas regências, como a guerra, o espírito de luta e o progresso cultural e tecnológico. No entanto são dois Orixàs absolutamente distintos, ainda q companheiros.
Ogyan é em si o Orixà da Vida, do Dia, do Masculino, da Guerra e do Progresso! Enquanto Ogun, primordialmente, era o Orixà da caça. Que deixou para seu irmão mais novo Oxóssi, enquanto foi se ocupar de “ganhar o mundo”. Com a ajuda de Ifà descobriu o FERRO e como manipulá-lo, era este o material que “ganharia o Mundo”, assim o metal seria o elemento mais necessário e mais respeitado neste plano de matéria, sempre rivalizando com o fogo sua hegemonia (donde se tira sua eterna rivalidade e contenda com seu irmao Xangô, o fogo). Quando descobriu o FERRO todos os Orixàs invejaram a descoberta de Ogun. No entanto, nem o próprio Ogun sabia exatamente o valor de tal descoberta. Foi sua parceria com Ogyan que o fez descobrir até em que extremo ele saberia explorar todo o valor desta descoberta. Pois Ogyan o estrategista efervescente, colocou Ogun para confeccionar todos os instrumentos que inventava! E assim Ogun e Oxalá produziram todos os instrumentos de labor, de cultivo, construção e também de guerra!! Sendo assim Ogun, o Orixà do Ferro, se tornou também um dos patronos da construção, do progresso, do trabalho, da agricultura e da guerra! Ainda se pode ver, em suas danças místicas, Ogun fazendo uso dos instrumentos que confeccionou, ao mesmo tempo que se pode ver, nas danças míticas, Ogyan apresentando cada instrumento criado por seu inventivo intelecto: A espada, a Lança, o Escudo, o pilao!…
Em outras lendas temos Oyà, mesmo no castelo de Xangô, sopra o fogo na forja de Ogun, para que ele possa confeccionar mais rápido a demanda de Ogyan de armas e utensílios para que este possa usar em suas batalhas! Tanto que ventos fortes e furacoes são tidos como prenúncios de guerra, pois seria o poderoso e apressado sopro de Oyà para acelerar uma enorme produção de armas para a guerra de Ogyan!
Assim sendo, Ogyan é o Orixà da Guerra, enquanto Ogun é um de seus patronos e um grande general de batalha! A distinção dos dois giraria na mesma distinção entre o Ares e a Atenas gregos, ambos deuses da guerra, tendo distinção na forma de guerrearem e da natureza do combate. Ogun e Ares (grego) são viscerais, sao furiosos, lutam corpo a corpo, brandindo sua espada com poderosa e inumana força, destroçando tudo o que estiver em seu caminho de guerreiro, sem muita distinção e discernimento, é o calor da batalha, a cegueira da fúria, o gosto pela violência e pela força, junto consigo está a companhia das forças mais obscuras do Universo, assim como Ares vem junto phobbos (medo), entre outras divindades obscuras e até mesmo demoníacas, Ogun vem acompanhado de Ikù (a morte) entre outras divindades terríveis!… Ogun furioso é uma força indomável e absolutamente terrível, contrastando com seu caráter humilde, reto e justo de trabalhador honesto e incansável quando está trabalhando diligentemente. Tanto que é um Orixà de justiça, muito severo, mas reto e verdadeiro. É um grande Orixà!!
Ogyan, assim como a Atenas grega, é um Orixà do gosto pela batalha como depuradora de verdades e otimizadora de progressos!! Possui o gosto pelo debate, pelo combate das idéias e dos conceitos em busca de uma síntese mais perfeita, é o criador da luta entre a tese e a antítese, em busca de uma superior síntese, que novamente será posta à prova, e assim incessantemente até chegar à perfeiçao que este Orixà almeja! É isto, ou NADA!! Assim configurando mais um aspecto de seu caráter dado a extremos! Ogyan gosta da luta, do confronto entre idéias e ideais, entre técnicas, entre modos, caminhos e objetivos para que assim ao final surja algo mais limpo, mais reto, mais claro, mais progredido! Não suporta em si o calor da batalha, nem a confusão em si, a violência, despreza a barbárie (é um Orixà da cultura e do progresso), a desonra, a covardia, o medo, tudo isso ele ignora. Mas se regozija da guerra quando esta consegue trazer a evolução e a depuração necessárias para que a vida cresça e ascenda a outro patamar de cultura e compreensão! A confusão e a guerra, é um instrumento que Ogyan utiliza para que faça saltar a verdade, e assim, uma vez liberta, que a justiça e o progresso se façam!! Um Orixà que busca trazer o valor à tona, utilizando de momentos de extremos, para que o vício ou a virtude se apresentem. É o brilho do dia, que com seu esplendor força os contrastres ao extremos clareando e definindo tudo! É a visão e a verdade! Nenhuma dissimulaçao ou meia-verdade resiste ao vigor de seu brilho que define as naturezas e traz à tona as verdades.
É um Orixà de estratégia, deixando o campo de batalha para seu companheiro Ogun, que se compraze com a violência do campo de batalha. Sendo assim Ogyan é o general e Ogun seu direto imediato! A Ogyan cabe os respeitos e a honra! Tanto que além da saudação digna aos Oxalàs: “Exe ê!” e “Epa Babà”, também exige o “Kabiesyi!” digno dos Reis!!
Ogyan é o inventor e Ogun seu artesão! Ambos espírito e técnica são invencíveis!! Sua parceria é algo tao íntimo que encontramos em diversas lendas a união dos dois! Em outra lenda mostra a natureza extrema de Ogyan e como foi importante a parceria com Ogun para encontrar um ponto de equilíbrio:
Ogyan sentia fortes dores de cabeça, pois seu Orì era demasiado branco! Era um excesso de vida e atividade, pediu auxílio e encontrou Ikù, que lhe disse que poderia resolver este seu problema, desta demasiada claridade, assim Ikù atirou sobre o Orì de inhame branco de Ogyan uma grande quantidade de Ossum, o que tornou a cabeça agora azul-marinha quase negra! Ogyan que sofria de imensas dores de cabeça devido à extrema claridade, agora era assombrado pelas trevas de Ikù (a morte). Uma extrema depressão e fobia tomou conta dele! Perambulando perdido pelas ruas, encontrou Ogun, que com seu Obè (espada) misturou os dois ingredientes (yan- inhame pilado e ossum) tornando a cabeça de Ogyan uma mistura das duas – branca e azul! Assim Ogyan pôde viver e prosperar, tendo sempre ao seu lado o seu fiel companheiro Ogun!
Esta lenda pode-se entrever a natureza extrema deste Orixà, às vezes muito branco, às vezes quase negro!! Ele nasceu de Eji-Ogbè (Eji-Onilé para o Merindilogun) um Odù de extremos! Às vezes os filhos de Ogyan, como é comum para os filhos de Oxalà, devido justamente à extrema brancura, sofrem de rinites, sinusites e outras alergias naturais à uma cabeça muito branca, assim como também a fotofobia, que a lenda relata. Também sabe-se que seu comportamento é de extremos, e muitas vezes após a sua disposição extrema até quase maníaca, eles caem depois em uma grande fadiga ou até mesmo depressão… Vão ao céu e ao inferno praticamente no mesmo dia. Mais uma vez os extremos da lenda. E os fantasmas, as situaçoes obscuras e mal-resolvidas, são os agentes de maior perturbação para seu filhos, que não suportam não discernir e resolver por completo uma situação. Necessitam sempre deixar tudo às claras!! Assim as trevas (as sombras) são o que lhes deprime e atemoriza! Assim, como é comum à todos os Oxalàs, não pode se ver manchado. Quando digo manchado me refiro ao “manchar o alà branco com dendê…”! Ou seja, manchar a reputaçao!!E outro ponto muito interessante ainda a ser explorado nesta lenda é a questao do trabalho ser o ponto de equilíbrio para o Orì de Ogyan, assim como o afiado discernimento!
Quando aparece Ogun e com sua espada mistura harmoniosamente as duas tendências, na verdade Ogun e a espada são símbolo do trabalho e do progresso, assim como da batalha. Somente o trabalho pode reunir as duas tendências extremistas de Ogyan para um ponto em comum de progresso e saúde, que é o trabalho. A necessidade de Ikù participar da formação da cabeça de Ogyan é porque os filhos de Ogyan sem temores, angústias e questões a elucidar não se movem, e assim ficam se ressentindo de tanto talento armazenado e não explorado! É a uniao da motivação, do talento, com a necessidade e a angústia o que faz eles se moverem!! Mas apenas a espada, ou seja, o discernimento afiado, que os filhos de Ogyan possuem por excelência, é que fará com que consigam aplicar tudo isto de modo equilibrado, saudável e proveitoso!! E isto será aplicado no trabalho, ou na batalha, fazendo emergir o valor, o novo, a virtude ou o vício, tudo para limpar o caminho e trazer o progresso! E como meta última, a perfeiçao! Não é necessário dizer que os filhos de Ogyan são perfeccionistas natos, e não perdoam a sua obra até atingirem a perfeição… nunca estará bom para eles, até que lhes pareça perfeito… Toda a obra para eles será sempre apenas um ensaio, a próxima será melhor, e talvez, a definitiva… Para um Orixà do progresso nunca existe a obra definitiva… e assim caminharão até à perfeição!
São, como todos os Oxalàs, altivos ao mesmo tempo que humildes. Existem muitas “qualidades” ou muitos Orixàs sob esta classificação… não pretendo aqui discorrer sobre todas que seriam um grande número… com todas as suas multifaces e idiossincrasias. Basta tentar classificar as maiores tendências.
Existe uma diferença em muitas casas que definem os Ogyans que portam pilão, e os Ogyans que portam espada. Assim os que portam o pilão seriam doces, progressistas e sociàveis, equilibrados. Enquanto os que portam espada seriam os desafiadores, os “encrenqueiros”, de humor instável e severos progressistas! No entanto ainda sabe-se que em outras casas, todos portam tanto uma quanto a outra, sendo apenas momentos do Orixà… e devendo ser acompanhado para buscar sempre estar equilibrando o Orixà. Alguns Ogyans no entanto são mais infantis que outros, outros são mais guerreiros e dados à batalhas, e assim vai, dependendo do aspecto do Ogyan correspondente. Em comum todos possuem uma alegria inesgotável, um vigor invejável, uma mente brilhante e afiada, um discurso ainda mais reluzente e afiado! Uma mente criativa e por demais inventiva! Uma coragem de propósitos inigualável e uma rebeldia nata. A inconformidade é seu traço mais comum, para todos o bom pode ainda ficar melhor, e lutarão por isso!! Quado saciarem esta fome de perfeição, encontrarão a maturidade e a paz que no fundo é o que mais desejam…
Seu nome Oxanguian vem de uma lenda, em que o senhor de Ejigbô, este mesmo Orixà, gostava muito de comer inhame pilado, de tal modo que inventou o pilao, para que ficasse mais fácil de produzir sua comida predileta. Assim o chamaram, seus amigos de Oxanguian, que significa, Orixà comedor de inhame pilado!
Um dia Awoledjé, seu babalawó resolve partir em peregrinaçao após lhe dar sábios conselhos sobre como dirigir sua cidade recém conquistada. E realmente Ejigbó tornou-se a grande cidade que Awoledjé previra: Com grandes muralhas, grandes construções, luxo, exércitos, etc, etc, todo o luxo que um grande reino exigia. Awoledjé quando retornou mal reconheceu a cidade. E chegando aos porteiros da cidade pediu para ver o “comedor de inhames”, bastou para que os soldados ficassem absolutamente indignados com o tratamento desrespeitoso do forasteiro em relaçao ao seu querido Rei. E então, após surrá-lo bastante, o prenderam na masmorra mais fétida que havia. Muito triste com o tratamento recebido pela cidade que havia ajudado a fundar, Awoledjé invocou um encanto que trouxe a esterilidade e a seca para Ejigbó. Passado uns anos reinar estava impraticável… então ogyan pediu para os adivinhos descobrirem o q se passava com seu reino. E Ifà lhes diz que um amigo foi preso injustamente em seu reino! Imediatamente Elejigbó pede para repassarem todos os veredictos do reino e é quando reencontra seu amigo Awoledjé, transfigurado pelos maus tratos recebidos. Oxanguian estava desconsolado… como ele podia ter feito isto ao amigo?? Imediatamente manda lavarem Awoledjé, o alimentarem com as melhores comidas, vesti-lo de branco (traje de honra) e após todo o tratamento convence a Awoledjé que retire o encantamento que secava o seu povo. Awoledjé aceita, mas impôs uma única condiçao: Todos os anos, no fim da seca, deverão todos os habitantes de Ejigbó dividirem-se em duas tribos que deveram golpear-se com varetas de madeira até estas se quebrarem! E é assim que até os dias atuais Ejigbó nesta época se dividem os bairros de Ixalê Oxolô e Okê Makpo para golpearem-se até quebrarem-se todas as varetas! Esperando que a chuva caia e a fertilidade retorne.
Esta lenda demonstra mais uma característica, além de Ogyan portar as armas acima referidas, também porta o Irukeré (rabo de cavalo branco) símbolo de sua realeza! E também a vareta de amoreira… demonstrando que possui também uma forte ligaçao e regència sobre os mortos… Ogyan, o Orixà da vida por excelência, também é o Orixà da vida após a vida! Sendo assim rege os mortos e sua lembrança viva…
Na natureza encontramos Ogyan no camaleão, nos primeiros raios do Dia, assim como no dia todo. Também encontramos seu axé em tudo o que é branco e puro, assim como também nas águas, sobretudo nos gêisers, fontes de águas termais e quentes! Pois ele é a água e o fogo do início dos tempos, a água vulcânica que presenciou a criação do mundo e criou a atmosfera, o ar, que gerou a vida neste planeta!!
Ogyan é tanto o Orixà da vida que é muito comum ser um Orixà favorito dos sacerdotes anciãos, pois ele é sempre o prenúncio de mais vida! Onde entra um omorixá de Ogyan, a vida se renova, o tempo de vida se prolonga, as atividades retomam força, os objetivos se redefinem ou se discernem melhor os ideais. Há um reavivamento em tudo!! E também o famoso lorogùm… aquele que limpa e define as coisas… o brilho afiado de Ogyan que define tudo, que exalta os ânimos, os vícios e as virtudes, que traz à tona à verdade, e os contrastes, colocando tudo em seu devido lugar. Nada mais se paira à sombra, o dia chegou!!Tanto que em algumas casas, antes de se fazer um Ogyan busca-se acalmar sua cabeça de Lorogum.
Saudemos então o grande senhor da vida! Salve o grande guerreiro branco que desconhece à derrota! Saudemos ao amanhecer do dia, quando surgirem os primeiros raios de vida e de luz!!
“Exeu ê! Epa Babà!! Kabiesy Oxanguian!!”
Axé!!
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